PITANGA do AMPARO


apartamento do arquiteto em são paulo 1994


APARTAMENTO DO ARQUITETO EM SÃO PAULO

texto: Pitanga do Amparo

O prédio foi o último trabalho do arquiteto austríaco modernista Franz Heep que viveu e trabalhou no Brasil grande parte de sua vida. Apesar de ter sido criado no início dos anos sessenta, ainda incorpora boa parte do vocabulário moderno, tal como o pilotis (parcial), elementos vazados na fachada, brise-soleil deslizante e regulável e, o que é indiscutivelmente valioso e raro, hoje em dia, e me arrebatou logo que o conheci, foram as espetaculares janelas que vão de parede à parede, tanto nos dormitórios quanto na sala de estar.

E só isso estava em condições aproveitáveis. O que dizer da típica compartimentação anos sessenta dos três dormitórios com dois banheiros no corredor, um paleolítico "quarto de creada" junto à, hoje em dia, obsoleta área para estender roupa? O imóvel com trinta e três anos de idade era o mais fiel retrato da derrelição. Quinze caminhões de entulho após e todo o sistema hidráulico e sanitário, elétrico e telefônico removido, paredes e pisos demolidos e tudo isso reconstruído em novos locais segundo o projeto de arquitetura, foi possível, então, abrigar um programa contemporâneo de habitar, em que os espaços se comunicam na razão inversa da privacidade de seus usos. Quer dizer, necessidade de maior privacidade igual à menor comunicabilidade.

Parte das propostas adotadas são uma síntese de linguagens criadas e utilizadas em projetos pioneiros em vinte e cinco anos de experimentações - linguagem high tech em 1974, arquitetura biológica em 1977, uso da cor-luz na arquitetura de interiores e espaço minimal (estilo "clean") em 1982 - e são o substrato empírico de minha tese de doutoramento em curso na Universidade de São Paulo.


ARCHITECT’S APARTMENT IN SÃO PAULO

english version: Roberto Koln

The building became autrich modernist architect Franz Heep’s last project, for he lived and worked most of his life in Brazil. In spite of having been created in the early sixties, it still makes use of pilotis (partially), void bricks on façade, sliding and adjustables brise-soleils , and the most unusual and valuable treat nowadays, that grabbed me at once: splendid wall-to-wall sliding windows, both in the bedrooms as well as in the living room.

And this was all that was left in usable state. What can be said of the very typical sixties compartmentation of three bedrooms and two bathrooms opening from the corridor, and the paleolythic servants quarters next to the nowadays obsolete laundry area? The thirty-three year old apartment was the very truthful picture of dereliction. Fifteen trucks of rubble later and all and every hydraulic and sanitary, eletrical and phone systems removed, walls and floors equally so, all of this was redone in new sites according to the architectural project.Then, and only then, a contemporary program of livability was made possible in order to have intercommunicating spaces in inverted reason to their privacy usages. To clarify: need for more privacy equals less communicability.

Portions of the adopted propositions are a synthesis of idioms created and developed in pioneer projects in twenty five years experimentations - high tech language in 1974, biological architecture in 1977, usage of colour- light in interiors and minimal spaces ("clean" style) in 1982 - are the empyrical substract of my PhD thesis in progress at the Universidade de São Paulo.

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