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Depoimento de um arquiteto italiano
sobre a arquitetura do pós-guerra
Revista Óculum n°3 pág. 22-29 (Súmula)

A arquitetura italiana no pós-guerra

No período do entreguerras, durante o regime fascista, a arquitetura italiana passou por sérias dificuldades e se dividiu em duas correntes principais. A primeira, a dos acadêmicos, eram arquitetos do regime: Piacentini, Muzio, Busiri-Vici e tantos outros. A segunda , (...)que haviam lido os livros de Le Corbusier, que souberam alguma coisa de Gropius, da Bauhaus, conheciam arquitetura holandesa, etc. Este grupo formou-se ao redor da revista Casabella. A revista Casabella era dirigida por duas pessoas: uma chamava-se Giuseppe Pagano e a outra Edoardo Persico.(...)
Entre os modernos daquele período,
Pagano e Giuseppe Terragni eram os mais velhos e experientes. Terragni era muito famoso, construiu a Casa do Fascio, em Como, em 1936 e era um arquiteto muito interessante,(...). Além destes, haviam também os arquitetos modernos mais jovens: Albini, Gardella, Palanti...Giancarlo Palanti morreu aqui em São Paulo, há alguns anos.
Já nos últimos anos do fascismo, durante a resistência, muitos destes arquitetos começaram a unir-se, colocar os problemas da arquitetura em uma dimensão mais atenta aos problemas sociais. (...)Era uma arquitetura bem informada, que propunha uma reorganização espacial de todo o território. Ao mesmo tempo nasceu em Roma uma nova corrente moderna auto-intitulada "Associação para a Arquitetura Orgânica". Era um pouco inspirada por
Bruno Zevi, que esteve na América durante a II Guerra e conheceu o trabalho de Frank Lloyd Wright. (...) enquanto a arquitetura milanesa do norte(refiro-me à região industrializada da Itália, composta de Torino, Gênova, Milão) era uma arquitetura mais racionalista, a arquitetura romana era mais pictórica, mais populista, mas que teve, entretanto, algumas figuras interessantes como Ridolfi, Fiorentino e Gorio, arquitetos de notáveis qualidades.

A crítica ao modernismo

(...)a crítica ao racionalismo nasceu principalmente na Itália, muito tempo antes que chegasse o Pós-moderno, e a verdadeira crítica orgânica ao Racionalismo - em termos mundiais - foi feita pelo "Team X" logo após a queda do CIAM. Crítica que não dizia que Le Corbusier era um estúpido, mas que Le Corbusier era um grande arquiteto, que a aplicação de algumas de suas teorias mais abrangentes já não eram mais possíveis e era necessário retornar a uma arquitetura mais específica.

A crítica de arquitetura na Itália

A crítica teve na Itália um forte desenvolvimento. Bruno Zevi foi um crítico de qualidade, (...)Giulio Argan é um crítico minucioso, foi o primeiro a fazer na Itália uma crítica construtiva e orgânica da Bauhaus. Ele vem do grupo "Casabella", de Turim. Leonardo Benevolo é um crítico católico e, em certos casos, um pouco esquemático, mas muito hábil na classificação dos períodos. Os seus livros foram muito úteis do ponto de vista didático-pedagógico. Depois temos críticos mais jovens dentre os quais o mais sólido, o mais culto, certamente é Manfredo Tafuri. Neste momento ele já não se ocupa de arquitetura contemporânea, pois supõe ser um assunto esgotado, e trabalha exclusivamente com a arquitetura dos "seiscentos". O discurso crítico, porém, é muito qualificado. Paolo Portoghese foi excelente no início de carreira com seus livros sobre Michelângelo e Borromini. Depois tornou-se uma espécie de indústria editorial, trabalhando com uma equipe e produzindo um livro por mês.

A essência da arquitetura e sua relação com o homem

(...)Acredito que a relação entre o edifício e a cidade seja importantíssima. (...) O desenvolvimento civilizacional no campo acontece, mas a reboque do urbano. Assim sendo, um arquiteto quando pensa o edifício deve pensar que este fará parte de um contexto maior que é a cidade. A arquitetura isolada como objeto não existe, está sempre ligada ao contexto. A arquitetura é o instrumento mais extraordinário que os seres humanos desenvolveram para representar-se para dizer quem são, muito mais que a língua, do que a pintura, do que a escultura.(...)
(...)Enquanto normalmente se considera que a arquitetura é o momento técnico do processo construtivo, no qual se desenha e se constrói, eu tenho em conta que a arquitetura é antes de mais nada uma decisão de fazer alguma coisa no espaço da cidade, de algo que vai entrar na paisagem urbana.(...)

O pós-modernismo

O Pós-modernismo italiano é muito confuso, muito diverso. Existem algumas tendências "Neo-racionalistas" (...)como Aldo Rossi e Giorgio Grassi. Estas arquiteturas têm alguns aspectos tenebrosos porque lembram muito a arquitetura fascista exatamente no aspecto da imagem. São arquiteturas que se consideram autônomas, abstratas, atemporais. Depois existem algumas correntes pós-modernas mais mundanas. Uma, por exemplo, é a arquitetura de Paolo Portoghese, (...)É um homem de partido, sustentado pelo partido socialista. Na Itália os partidos políticos contam muito e acabam influindo na própria articulação no campo da arquitetura.(...)
Leon Krier e Mauricio Culot
, são muito inteligentes e capazes, mas têm uma questão em suas obras que não me convence: que continuem desenhando a cidade dos "oitocentos" partindo da suposição de que aquela foi a cidade mais equilibrada e harmônica. Eu tenho dúvidas a esse respeito, (...)não é possível reproduzir aquela sociedade e, como são as sociedades que produzem suas arquiteturas, trata-se de um modelo artificial. (...)O problema não é retornar ao passado, porque não se pode voltar atrás em arquitetura. O problema é como ir em frente.(...)
Robert Venturi
, na minha opinião, é demagogo porque propõe Las Vegas como modelo de invenção popular, e não se dá conta que Las Vegas é planejada, ponto a ponto, pela Máfia, que a fez assim porque estimula a jogar. (...)Aceitá-la como modelo de cidade contemporânea é entrar no caminho do consumismo mais voraz.

Notas:

Giuseppe Terragni (1904-1942)fez parte do "Grupo 7" junto com outros arquitetos anti-acadêmicos. Em 1927 fundou o "Movimento Italiano pela Arquitetura Racionalista" que defendia o funcionalismo. Morreu lutando na frente russa.

Franco Albini (1905-1977), formado na Faculdade Politécnica de Milão, iniciou carreira montando escritório com Giancarlo Palanti e Renato Camus. Durante a década de 30 teve participação ativa nas revistas Domus e Casabella. No imediato pós-guerra alargou suas preocupações para os problemas urbanísticos em uma escala regional. Foi professor no Instituto Universitário de Arquitetura de Veneza(IUAV).

Ignazio Gardella (1905-?), formado em Engenharia Civil e Arquitetura, foi professor na Faculdade de Arquitetura do Politécnico de Milão e no IUAV. Foi membro do Movimento de Estudo de Arquitetura, do CIAM, das Academias de Belas Artes de Gênova e Veneza.

Giancarlo Palanti (1906-1977), formado na Escola Politécnica de Milão, morou em São Paulo de 1947 até sua morte, deixando obra significativa no Brasil. Assinou em conjunto com a arquiteta Lina Bo Bardi diversos projetos, dentre eles a sede da Rádio Tupi. Trabalhou também associado a Henrique Mindlin, participando do Concurso para o Plano Piloto de Brasília(1957), obtendo o 5 lugar.

Mario Ridolfi (1904 -?) formou-se na Escola Superior de Arquitetura de Roma. Em 1933 faz viagem de estudos à Alemanha, que acaba resultando em colaboração profissional com Wolfgang Frankl. Foi membro, junto com Mario Fiorentino, do Comitê Executivo para redação do Manual do Arquiteto, em 1946.

Mario Fiorentino (1918 -?), foi membro fundador da Associação pela Arquitetura Orgânica, em 1945. Foi professor da Faculdade de Economia e Comércio de Urbino, da Faculdade de Engenharia e da Faculdade de Arquitetura, ambas de Roma. Foi também membro do Instituto Nacional de Urbanística e da Ordem dos Arquitetos de Roma.

Giancarlo De Carlo é arquiteto italiano formado na Faculdade de Arquitetura de Veneza. Foi membro do grupo internacional "Team X" de 1952 a 1960 e fez parte do grupo italiano do CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna). Professor do Instituto Universitario di Arquitetura de Veneza e diretor da ILAUD(International Laboratory of Architecture and Urban Design). Foi membro da revista Parametro e editor da revista Spazio e Società.

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